Professores iniciantes: dicas para o Ensino Médio

Quando somos professores iniciantes cada aula é um desafio. Nem toda a teoria que aprendemos na universidade é capaz de nos preparar para algumas situações que vamos enfrentar em sala de aula.

São inúmeras as dificuldades com as quais podemos nos deparar, mas a maior delas certamente é lidar com a responsabilidade da nossa função. 

Possibilidades para professores iniciantes:

Com a aproximação do dia dos professores, pensamos em algumas dicas baseadas na nossa formação e na nossa atuação enquanto professoras. Algumas provavelmente podem te soar como básicas ou utópicas, sabemos como as realidades podem ser diferentes e vivemos diariamente vários problemas. 

Não pretendemos negá-los aqui, mas sim mostrar possibilidades que podem contribuir no trabalho de professores iniciantes ou até mesmo melhorar o desempenho de quem já está em sala de aula.

10 Conselhos para professores iniciantes no ensino médio:

1. Conheça os seus alunos.

Não adianta você elaborar uma aula maravilhosa mas que não se adequa ao seu público alvo ou à metodologia da escola em que você trabalha. 

É óbvio que são muitas as razões para que um aluno esteja desmotivado, mas uma delas pode ser ele não ver sentido naquilo que está aprendendo, principalmente quando estamos falando de adolescentes.

Quando eles conseguem perceber que suas habilidades estão sendo utilizadas, que o conhecimento prévio deles é importante, ou até mesmo conseguem relacionar o passado com o presente, as aulas tendem a ter uma resposta muito melhor.

Planeje suas aulas levando em consideração a realidade em que seus alunos estão inseridos, use exemplos cotidianos para despertar o interesse e mostre que eles também são sujeitos históricos. Provavelmente a participação deles irá melhorar muito ao perceber a importância desse aprendizado.

2. Planeje!

Não há nada pior que um professor despreparado. Não adianta achar que só um giz e o conhecimento da graduação vão dar conta. Depois de anos de prática talvez eles bastem, mas aí você terá uma experiência que pode contribuir. 

Quando somos professores iniciantes o planejamento nos dá um suporte e segurança para encarar a sala de aula. Você vai perceber que não é necessário escrever planos de aula super completos para cada uma de suas aulas como temos que fazer quando estamos estagiando na graduação.

Mas ter o básico planejado é super necessário, por isso pense com antecedência qual será o conteúdo abordado na aula, que material você irá usar e quais exercícios serão feitos.

3. Crie sua organização.

Aqui vai variar de professor para professor, tudo depende se você normalmente já é uma pessoa organizada. No Colégio em que eu trabalho sou conhecida como a mais organizada dos professores, mas quando estava no início da carreira docente eu tive que criar minha própria organização para dar conta do volume de atividades que temos que cumprir.

Arquivos digitais:

Todo material que eu monto digitalmente é salvo no Pendrive e no Google Drive. Mas isso só aconteceu depois de eu perder meu primeiro pendrive, ou seja, na prática tive que aprender o quão dependente daquela ferramenta eu era.

“Ah, mas na escola que eu trabalho não tem como usar arquivos digitais em sala de aula”

Pense em todo material extra que montamos, avaliações, atividades, relatórios, entre outros, o melhor é ter tudo salvo. E a maneira mais segura para não correr o risco de perder é arquivar na “nuvem”, ou seja, armazenar remotamente através da internet. Existem várias plataformas que fazem esse arquivamento de forma gratuita.

Divisão por tema:

Esses arquivos digitais que montamos podem ser salvos pelo tema a que se referem, por exemplo:

• “lista de exercícios Iluminismo” 
• “avaliação Guerras Mundiais”
• “Charge Imperialismo”
• “vídeo Revolução Industrial”
• “Slides Antiguidade Clássica”

Dessa forma, nos próximos anos se você for reutilizar algum material, não vai sofrer na hora de procurar. O ideal é separar os arquivos por pastas referentes a cada tema.

Pastas:

No caso de atividades ou recursos didáticos em papel, a opção é separar o material que você vai utilizar por turma. Para isso, uma das formas de não se confundir e garantir que tem cópias suficiente para todos os alunos, separe as turmas por pastas ou plásticos e coloque uma etiqueta ou folha de capa que identifique cada uma.

Se você trabalha em mais de uma escola ou tem séries/disciplinas diferentes, uma opção também é diferenciar suas pastas por cores. 

Digitalização:

Professores iniciantes tendem a ser acumuladores, achamos que precisamos guardar todo o material que vemos pela frente, já que um dia ele “VAI” ser utilizado em sala de aula. Esqueça isso! Essa coisa de “vou guardar esse trabalho maravilhoso pra mostrar como exemplo no ano que vem” só vai entulhar o seu armário, ou pior, a sua casa.

Quer muito guardar um material? Digitalize ou fotografe e salve na sua pasta na nuvem. Pronto! Sem acumulação desnecessária de papel. 

Cronograma:

Parte essencial da organização é saber quando as coisas vão acontecer. Na hora de elaborar seu planejamento bimestral/trimestral use o calendário letivo. Observe os feriados, veja que dias a escola tem alguma atividade programada, pense a quantidade de avaliações que você tem que fazer, isso contribui para que você dê conta dos conteúdos e planeje de acordo com a disponibilidade de tempo.

Outra dica é manter um calendário visível com seus compromissos, seja numa tabela elaborada por você e colada no seu caderno, uma agenda, um planner, avisos no celular, ou até post it colado no guarda roupa. Enfim, pense um lugar que você sempre olhe e coloque uma lista do que você precisa fazer e a data em que isso precisa estar pronto.

Lista de afazeres:

Sabe quando você não anota e acha que vai lembrar? Confie em mim, não vai. 

A melhor forma de garantir que vai fazer tudo o que precisa é anotando. Eu não funciono com agenda, tenho preguiça de carregar por conta do peso, então acabo anotando em post it e colando no meu caderno.

Neles coloco as datas que preciso lançar notas, corrigir provas, devolver atividades, enfim lembretes de tudo quanto é tipo. Resultado: na maioria das vezes consigo cumprir todos os prazos tranquilamente.

Tabelas:

No caderno que eu uso na escola, tenho uma tabela para cada turma com as datas das aulas, nelas toda vez que uma aula termina eu anoto o conteúdo que trabalhei, até onde corrigi, se houve algum imprevisto e a tarefa que passei. Dessa forma, raramente preciso perguntar para a turma onde parei na aula passada.

Exemplo:

No sentido organização, uma das coisas que mais percebi foi que vendo meu exemplo de cumprir prazos e me manter organizada, grande parte dos meus alunos têm buscado criar sua própria organização também. Lembre que adolescentes aprendem muito mais pelo exemplo do que pela cobrança e mostre que organização pode ser muito benéfica para um melhor rendimento.

4. Plano B

Se você conseguir seguir seu planejamento perfeitamente, parabéns!

Isso é quase impossível em sala de aula. No dia a dia existe uma série de fatores que podem atrapalhar aquilo que você havia planejado.

Quando somos professores iniciantes, a tendência é se frustrar. Já quando temos experiência, percebemos a necessidade de ter sempre uma carta na manga para esses casos.

Às vezes você monta uma atividade imaginando que os alunos vão demorar pra realizar e eles fazem super rápido. Outras vezes você planeja uma ótima aula usando o data show e o aparelho não funciona.

Independente da situação, tenha sempre estratégias, materiais e atividades complementares prontas para que não seja necessário inventar algo na hora do desespero.

5. Recursos didáticos

No começo da carreira, existem dois tipos de profissionais: os professores que estão deslumbrados e encontram uma variedade de materiais que querem usar em sala de aula, e os professores apavorados que não sabem por onde começar.

Hoje em dia existem uma série de recursos didáticos que os professores iniciantes podem utilizar. 

Seja criativo! 

Pesquise imagens, músicas, filmes, jogos que podem ser utilizados para analisar e complementar sua aula.

Não pense nos recursos como entretenimento. Nem ache que eles vão atrapalhar seu cumprimento dos conteúdos a tempo do calendário escolar.

Por mais que a maioria dos vestibulares cobrem a famosa “decoreba”, as questões de humanas sempre pedem análises para responder as perguntas. Sem falar que o Enem é totalmente sobre interdisciplinaridade e habilidades de interpretação que devem ser desenvolvidas em atividades na escola.

6. Esteja atento aos vestibulares e Enem:

É óbvio que muitos alunos podem ter outros planos que não envolvam necessariamente uma graduação. Mas nosso papel enquanto professores de Ensino Médio é apresentar para eles as opções e ajudá-los a alcançá-las. Para isso:

• Esteja atento a informações como datas de inscrições e provas dos principais vestibulares da sua região. 
• Veja as provas dos anos anteriores para ter uma noção de como os conteúdos vêm sendo cobrados.
• Utilize exercícios dessas provas nas suas aulas e ensine dicas que podem contribuir para suas resoluções.
• Relacione temas do passado com temas do presente e enfatize como certos temas tendem a ser cobrados nesse tipo de prova.
• Retome o que caiu nas provas depois que seus alunos tenham feito elas. Isso geralmente acontece no final do ano e é importante que você comente se alguma dica que você deu em sala de aula foi cobrado no vestibular ou Enem. 

7. Utilize atividades diversificadas:

Pensando na maneira que a maioria das provas do estilo de vestibular e Enem são realizadas, utilize atividades que podem contribuir no processo de memorização dos alunos. 

Obviamente que na maioria das aulas, o professor precisa estimular a interpretação de fontes e materiais, bem como, orientar o entendimento dos processos históricos.

Mas é importante também utilizar atividades que propiciem que o aluno recorde as informações que geralmente são muito extensas. 

Para isso, estimule o uso de técnicas como Mapas mentais, infográficos e fichas de estudo. Ao elaborar essas atividades o aluno estará revisando o conteúdo trabalhado nas aulas e ao mesmo tempo memorizando informações necessárias.

8. Postura em sala de aula:

Existem algumas dicas que os professores iniciantes tendem a ignorar por acharem que não tem muita relevância. Entre elas, estão algumas que podem interferir positivamente em suas aulas quando utilizadas:

Cuidados com a voz:

Geralmente na maioria das escolas particulares quando os professores iniciantes começam a trabalhar passam por uma consulta com uma fonoaudióloga, onde ela passa vários exercícios que podem contribuir para manter a saúde da sua voz. Leve a sério!

Quando sua garganta começar a doer de tanto falar, provavelmente você vai pensar que deveria ter feito os exercícios de aquecimento de voz. Leve sempre com você uma garrafa de água e hidrate essa garganta!

Quando mesmo assim tiver dor, compre aqueles vidrinhos de spray de mel com própolis que ajudam no alívio da dor. 

Tom de voz:

Outra dica é variar o tom de voz ao longo da aula, isso contribuí para que os alunos não fiquem entediados com a mesma entonação ao longo de 50 minutos. Para isso, mude a entonação para enfatizar os assuntos mais importantes.

Na dúvida quanto às maneiras de se apresentar uma aula? Procure dicas de oratória, esse tipo de orientação pode ser fundamental para os professores iniciantes na docência.

Quadro negro:

Principal aliado dos professores nas escolas tradicionais, se você usar o quadro de maneira desorganizada certamente os alunos terão cadernos também bagunçados. Não tem como cobrar dos alunos se você não demonstra organização. Ou esperar que os alunos anotem de livre e espontânea vontade informações importantes. Mesmo no Ensino Médio eles precisam ser orientados a manter um caderno organizado. 

Anote sempre no quadro a data do dia, o título do conteúdo que estará trabalhando, as datas das avaliações e trabalhos. Outra dica é se preocupar com a sua letra, quanto mais legível, melhor!

Feedback:

Leve a sério todos os elogios e reclamações que os alunos fizerem da sua aula. Lembre que eles são seu público, ou seja, aquilo que eles criticam pode ser utilizado para que você perceba o que precisa melhorar. 

É óbvio que sempre vai ter alunos que vão reclamar só pelo prazer de incomodar, mas muitos alunos podem sinceramente estar avisando que algo não está ok, reflita sobre isso e veja se realmente mudando esse comportamento sua aula pode melhorar.

9. Continue estudando!

Não existe essa de “terminei os estudos” quando se é professor. Nem existe a possibilidade de se esgotar o saber e um bom profissional da educação não pode ficar parado no tempo. Procure constantemente estar se renovando. Para isso, nem sempre é necessário gastar muito tempo ou dinheiro:

• Mantenha leituras de livros ou artigos da tua área; 
• Veja o que as novas pesquisas sobre educação estão apontando;
• Participe de Olimpíadas da sua área de conhecimento;
• Procure cursos de extensão que te traga novos conhecimentos e dicas de materiais. No caso de História, a Unicamp oferece todo ano um curso gratuito para professores que participaram como orientadores de equipes na ONHB;
• Acompanhe sites educacionais e canais de educação no YouTube;
• Faça cursos de pós graduação Ead’s gratuitos que normalmente são oferecidos pelas Universidades públicas em parceria com a UAB (Universidade Aberta do Brasil);
• Entre em um Mestrado, seja acadêmico ou profissional, existem inúmeras opções gratuitas que podem contribuir com a continuidade dos seus estudos.

10. Motive seus alunos:

Trabalhar com adolescentes não é nada fácil. Mas procure lembrar que essa fase não é nada fácil para eles também. Muitos enfrentam muitas situações que você nem pode imaginar.

Certamente, a última coisa de que eles precisam é de um professor que os desanime ou diga que eles nunca conseguirão conquistar seus sonhos.

A realidade de sala de aula é muito difícil, e obviamente o professor também deve estar motivado. Quando acreditamos que a educação é o melhor caminho para mudar nossa realidade e demonstramos isso aos alunos, nos tornamos inspiradores. 

Cuide de sua saúde mental!

Mas lembre também, que você precisa de cuidados. A realidade de sala de aula pode ser muito desgastante, não é atoa que os professores estão entre os profissionais que mais desenvolvem transtornos mentais em decorrência do seu trabalho. 

Procure fazer terapia, existem diversos lugares que oferecem valores mais acessíveis no caso de você não ter um plano de saúde. É um cuidado que vai permitir que você esteja saudável e possa realizar um bom trabalho.

Professores iniciantes:

Obviamente, não existe fórmula mágica para um bom desempenho em sala de aula. Você vai precisar errar algumas vezes antes de acertar e vai ficar tudo bem, com o tempo a tendência é você identificar o que pode melhorar e pegar o jeito.

Embora a realidade da nossa profissão possa ser muito complicada, ainda vai ter dias que você se sentirá muito realizado profissionalmente, esses dias geralmente são os que você percebe que está fazendo a diferença.

Boa sorte na sua caminhada, que possamos ser inspiração e nos apoiar para fazer a diferença para os nossos alunos. 😉

Usou alguma das nossas dicas em sala de aula? Conta pra gente nos comentários ;)