Independência do Brasil no Enem e Vestibulares

Publicado por Caroline Dähne em

Ainda falando sobre a Independência do Brasil às vésperas de seu Bicentenário, no texto de hoje nossa proposta é voltada para identificar como essa temática costuma ser cobrada no Enem e Vestibulares. Nesse sentido, as nossas dicas de hoje servem tanto para os alunos que estão se preparando para essas provas, quanto para os professores de História que estão pensando em como abordar esse conteúdo em suas aulas.

Além das comemorações sobre essa efeméride, uma coisa é certeza em 2022: a probabilidade de cair questões sobre o tema em processos seletivos é MUITO grande.

De acordo com um levantamento feito pelo Poliedro e divulgado pelo Guia do Estudante (2019), a Independência do Brasil está entre os 10 temas mais cobrados de História do Brasil nos últimos anos no Enem. Desse modo, além da tendência pré-existente, é evidente que as instituições vão abordar a temática em suas questões de Ciências Humanas e provavelmente até mesmo em suas redações, pensando sobre os significados da Independência para o país e a nossa sociedade.

Post do Instagram com o título do texto: Independência do Brasil no Enem e Vestibulares.

Como a Independência do Brasil costuma aparecer no Enem e Vestibulares?

Nos últimos anos, a historiografia vem trazendo cada vez mais produções que fogem daquelas narrativas que por muito tempo foram divulgadas de forma oficial sobre a figura pretensamente “heróica” de Dom Pedro I. Nesse sentido, as questões de processos seletivos também se adaptam e a maioria deles não tem mais aquela tendência a cobrar essas informações em forma de “decoreba”.

Ou seja, a estrutura das questões atualmente costumam ser bastante interpretativas, com análises de trechos de textos e imagens diversas. E nas suas temáticas há uma grande variedade de relações com a Independência do Brasil.

Antes

Tradicionalmente as questões costumavam tratar sobre os seguintes aspectos:

  • A vinda da família real portuguesa para o Brasil;
  • A influência das ideias iluministas;
  • Os Movimentos emancipacionistas: Inconfidência Mineira, Conjuração Baiana e Revolução Pernambucana;
  • A permanência da estrutura social e econômica após a Independência.

Importante lembrar que alguns deles ainda costumam aparecer nas questões!

Agora

Atualmente, as questões abordam também outras possíveis relações, tais como:

  • O processo da Independência, muito além do “Grito do Ipiranga”;
  • Os interesses por trás dos discursos e representações da figura de Dom Pedro I como “herói”;
  • Outros protagonistas no processo, principalmente figuras femininas;
  • Os demais processos envolvendo revoltas populares em outras regiões do Brasil, como a Batalha do Jenipapo (Piauí), o Brigue do Palhaço (Pará) e a Independência da Bahia;
  • A crise do Sistema Colonial;
  • As influências de movimentos fora do Brasil no contexto da Independência;
  • As mudanças e permanências na realidade brasileira após o processo de Independência;  

Para preparar os alunos para essas possibilidades é importante tratar a temática de maneira ampla e trazer diferentes materiais para análise em suas aulas. Incentive que eles realizem leituras sobre essas temáticas e comecem a perceber que o processo da Independência vai muito além da figura de Dom Pedro I.

Entendendo a estrutura da questão

A maioria das questões do Enem e de vestibulares (principalmente das universidades públicas) trazem textos ou imagens para análise no enunciado das questões. Minha dica para os alunos é sempre iniciar com a leitura da pergunta, mesmo que ela esteja abaixo do texto base. Assim o primeiro passo é identificar qual o comando da questão para então analisar o texto/imagem, evitando a necessidade de ler várias vezes o fragmento. 

Veja na questão abaixo, do Enem 2013:

Questão do Enem 2013 sobre a Independência do Brasil.
Enem 2013

Ao ler a pergunta e perceber que o comando da questão espera que o aluno identifique o que a imagem de cada monarca representa, fica muito mais fácil de entender as imagens do que apenas olhá-las antes sem saber o que a questão pede.

Para realizar esse tipo de questão o aluno deve estar atento aos seguintes pontos:

  • prestar atenção que a pergunta pede “respectivamente” ou seja a ordem da resposta importa e está relacionada com a ordem das imagens. Pode parecer bobagem, mas muitos alunos com dificuldade na interpretação acabam errando quando não se atentam a essas palavras.  
  • O comando da questão pede que o aluno relacione a representação (da imagem) com o contexto político, o que torna necessário um mínimo conhecimento sobre os dois governos. Por exemplo, a alternativa E fala em “inovação administrativa”, embora claramente o Segundo Reinado tenha diversas diferenças em relação ao Primeiro, a estrutura em si permanece semelhante: poder centralizado na figura do Imperador. O que faz com que essa alternativa seja eliminada. 
  • Identificar os contextos: perceber que a imagem de Dom Pedro I se refere pretensamente ao momento da Independência do Brasil e portanto início do seu governo. Já a figura de Dom Pedro II, é um retrato dele idoso, o que demonstra que ele  está há tempos no governo, visto que iniciou com 14 anos. 
  • Observar os elementos da imagem: roupas, objetos, cenários. Elementos essenciais para a análise das pinturas. Por exemplo, a alternativa A fala sobre “riqueza pessoal” na imagem dois, sendo que a fotografia retrata Dom Pedro II sentado em uma cadeira simples sem nenhum objeto que demonstrasse ostentação de riqueza. O que já faz com que essa alternativa também seja eliminada. 
  • Cuidado com os distratores: que são informações erradas mas que dependendo da forma como aluno interprete a questão pode confundir como correta. Por exemplo, na alternativa D, sabemos que Dom Pedro II centralizava o poder, o que pode induzir ao erro. Mas a parte sobre a primeira imagem retratar “isolamento político” está errada, uma vez que ela se refere supostamente à recepção da sociedade ao Dom Pedro I no momento da Independência. Assim como,na alternativa C que fala sobre “herança europeia” para Dom Pedro II, mas de “instabilidade econômica” em relação ao Dom Pedro I que em momento algum pode ser associado ao que é representado na imagem.  
  • O comando da questão fala sobre como as imagens foram criadas com o objetivo de transmitir uma representação dos governantes. Obviamente quando uma pintura ou fotografia é produzida por órgãos oficiais elas buscam construir a ideia de um perfil desses líderes. Por exemplo, na alternativa B, fala-se sobre a “liderança popular” de Dom Pedro I, sabemos que a notícia da Independência não foi amplamente recebida/entendida pela população. Porém, na imagem o pintor Moreaux retrata o povo brasileiro ao redor do monarca, pressupondo essa figura de liderança. Já na segunda imagem, Dom Pedro II idoso e aparentemente “tranquilo”, reforça a ideia da “estabilidade política” antes da Crise do Império. O que faz com que a alternativa B seja a resposta correta para essa pergunta.

Entendendo os distratores sobre a Independência do Brasil

No exemplo da questão abaixo, do Enem de 2019, podemos perceber mais claramente o uso dos distratores e a importância da interpretação de texto na resolução de questões de história. Além do uso da temática de outros protagonistas do processo de Independência, com a aparição da Maria Quitéria na questão.

Na interpretação dessa questão é preciso prestar atenção aos seguintes pontos:

  • Alternativa B: obviamente Maria Quitéria fez parte do Exército Brasileiro, porém isso não evidencia a “inserção feminina nos ofícios militares”, até porque a participação feminina era proibida e ela se alistou fingindo ser um homem.
  • Alternativa C: o texto fala que a população baiana pegou em armas contra os portugueses, não em “adesão pública dos imigrantes portugueses”.
  • Alternativa D: o texto retrata como Maria Quitéria se uniu ao movimento de independência, em momento algum é falado sobre a administração do Império, muito menos em “flexibilidade”.
  • Alternativa E: observe que o comando da questão fala sobre “caso emblemático” se referindo especificamente a trajetória de Maria Quitéria, o que não representa como a população adere aos movimentos emancipatórios e sim à participação de uma mulher nesse processo. 

Sendo assim a resposta correta dessa questão é a:

  • Alternativa A: quando Maria Quitéria precisa se vestir de homem para ingressar no Exército, ela evidencia como a estrutura social brasileira era patriarcal e proibia mulheres de desempenhar funções que eram consideradas “de homens”.  

Preparando suas aulas voltadas ao Enem e Vestibulares

Você professor de Ensino Médio pode incluir como atividades nas suas aulas sobre a temática o uso de questões modelo Enem e Vestibular. O ideal, ao invés de passar uma lista de exercícios gigantesca, é selecionar algumas poucas questões que caíram nos últimos três anos e trabalhar conjuntamente com os alunos, explicando a estrutura delas.

Nesses anos de experiência com o Ensino Médio, percebi que a maioria dos meus alunos quando estudam para esses processos seletivos se preocupam mais com o conteúdo e  pouca atenção dão para a estrutura das questões. Nós como professores podemos alertar para a importância de treinar a estrutura também. Desse modo, salientamos que saber o conteúdo é importante, mas a interpretação das questões também é essencial e apenas o treino facilita a resolução desse tipo de questões.Afinal, não faz sentido utilizar questões de universidades particulares se o objetivo é uma universidade pública, já que as instituições costumam utilizar diferentes recursos em suas questões.

Assim como, não faz sentido se preparar para o Enem utilizando questões anteriores a 2009, quando a estrutura do exame era completamente diferente, não seguindo a estrutura de Competências e Habilidades. 

Nesse sentido, ao utilizar essas questões, se atente a:

  • mostrar aos alunos que mesmo que o Edital traga inúmeras possibilidades de temáticas históricas que podem ser cobradas, ao observar as questões dos anos anteriores podemos perceber o padrão de conteúdos mais frequentes.
  • salientar a importância de utilizarmos questões atuais e das instituições que os alunos pretendem ingressar para o resultado ser mais efetivo. E incentivar a realização de simulados e de provas anteriores para treinar a estrutura e desenvolver técnicas para respondê-las. 
  • indicar canais do Youtube onde professores gratuitamente realizam a resolução comentada de questões de processos seletivos. 
  • incentivar que os alunos criem uma rotina de estudos utilizando a técnica que eles melhor se adaptarem, como elaboração de fichas de resumos e mapas mentais.
  • valorizar a história local, principalmente para a preparação para vestibulares de universidades públicas, é tradição dessas instituições trazerem questões que retomam eventos regionais.

Como preparar suas aulas (ou se preparar) para processos seletivos?

Nos links abaixo trazemos dicas que você professor pode adaptar para repassar aos seus alunos. Já você estudante pode ler para se preparar para esse desafio.

Outras abordagens sobre a Independência do Brasil

Ainda está procurando como abordar a temática em suas aulas? O Nas Tramas de Clio tem diversos materiais e dicas para te ajudar! Basta clicar nos textos abaixo:

Se você vai realizar a prova do Enem ou vestibular em 2022, o Nas Tramas de Clio te deseja boa sorte!

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Até a próxima! 


Caroline Dähne

Mestre em História, Cultura e Identidades e graduada em Licenciatura em História pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Desenvolve pesquisas relacionadas a Segunda Guerra Mundial, Discursos jornalísticos, Patriotismo e Nacionalismo, Imprensa brasileira e Propagandas de guerra. Atualmente atua como professora de História na rede particular de ensino na cidade de Curitiba-PR.

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