Plano Econômico – História da Economia

Publicado por Jessica Leme em

Com a Pandemia do Corona Vírus, outra avalanche que se aproxima e já mostra seus sinais é o da crise econômica que vai abater não um plano econômico ou dois países, mas sim o mundo globalizado como um todo.

Certamente, dentro da história já houveram momentos de muita tensão na economia mundial, como a Crise de 1929 ou a do pós Guerra.

Assim, nesse momento, muitos especialistas atentam para o fato da Globalização ter transformado as economias em coo-dependentes de maneira que num momento de crise global, como é o caso, todas as economias irão sofrer, em maior ou menor grau.

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No decorrer do século XX, houveram momentos em que existiu a necessidade de intervenção dos governos na economia, buscando equilibrar o mercado, mesmo em governos que se autointitulavam liberais.

Nessa postagem, não irei adentrar na discussão do que é o Liberalismo ou Neoliberalismo, bem como outras vertentes da economia adotadas hoje ou em outro momento no mundo.

Nesse sentido, indico o vídeo da maravilhosa Rita Von Hunt, onde ela explica de maneira clara o que seriam essas teorias políticas.

Dessa forma, esse texto, propõe que relembremos Planos Econômicos criados em momentos de crise, que deram resultados positivos ou não. Então essa ideia de reflexão surgiu a partir do momento em que a mídia citou o Plano Marshall diversas vezes durante essa semana.

Vamos lá?

Plano Quinquenal 1929

Dentro da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), durante o governo de Josef Stálin, criou-se o chamado Plano Quinquenal. Esse plano era baseado na busca do aumento e fortalecimento da industrialização da URSS.

A economia dentro do Bloco Socialista era toda controlada pelo Estado, que nesse momento voltou se a desenvolver o pátio industrial que até aquele momento era muito fraco.

O nome Quinquenal, estava relacionado às metas que deveriam ser atingidas a cada 5 anos.

Cartaz da URSS, Planos Quinquenais Fonte: http://it.nextews.com/2d82307e/

As áreas onde se concentraram os maiores esforços estavam na indústria de base, ligadas ao setor de combustíveis fósseis, produção de energia elétrica,siderúrgica e metalurgia.

Segundo Eric Hobsbawn, Josef Stálin instaurou um ritmo de trabalho onde exigia se do trabalhador, “sangue, esforço, lágrimas e suor”.

Após tanto esforço o resultado foi a criação de milhares de empregos e o crescimento econômico e estabilização chegaram.

Durante o auge da Guerra Fria a URSS, disputou poderio científico e tecnológico com os EUA.

Crise de 1929 e o New Deal

A Crise de 1929, decorrente da quebra da Bolsa de Nova Iorque abalou a economia na década de 1930. Naquele momento o então presidente Roosevelt criou o plano New Deal ( Novo Acordo).

Cartaz Americano sobre o New Deal. Fonte: https://monthlyreview.org/press/the-politics-of-u-s-labor/

Indico para maiores esclarecimentos acerca desse plano e assunto, outra publicação aqui do site:

Plano Marshall 1947

Quando a Segunda Guerra Mundial acabou a Europa como um todo colecionava uma série de problemas sociais, financeiros e políticos.

Os Estados Unidos vinham de um período de crescimento econômico pós Crise de 1929 e aplicação do New Deal.

Quando entraram na guerra esta já estava na sua etapa final, como costuma-se falar, entraram com os bolsos cheios de dinheiro e com muito armamento moderno que era construído e vendido por eles mesmos.

A economia americana é bélica, portanto, as guerras equivalem a lucro em se tratando de Estados Unidos. Dessa maneira, quando o conflito mundial chegou ao fim, era preciso se pensar em como reconstruir o velho continente europeu.

O temor americano surgiu quando atentou-se à possibilidade da expansão do comunismo no território europeu, que estava devastado.

Após a Segunda Guerra, o mundo se dividiu entre as duas maiores potências EUA (capitalista) e a URSS (comunista). Os soviéticos estavam ganhando espaço dentro da Europa que estava destroçada pelo fim da guerra.

Nesse momento surge a figura do secretário americano George Marshall, que em um discurso em 1947 na Universidade de Harvard onde oferece ajuda financeira à Europa.

Ajuda econômica

O plano passou a ser pensado e elaborado para então se desenhar frente as necessidades europeias. O Plano Marshall nada mais era do que uma ajuda econômica para reconstrução da Europa, nos níveis sociais, industriais e estruturais.

No discurso da época, o desejo americano era de promover o desenvolvimento e a paz global.

O plano durou até o ano de 1951, onde os países puderam contar com auxilio financeiro. O dinheiro foi doado.

Segundo o site InfoMoney, boa parte do dinheiro ganho, foi usado na compra de produtos americanos, para reabastecimento da Europa.

A maior parte dos aportes foi direcionada a compras de produtos dos próprios Estados Unidos, sendo que 60% foram gastos em comida e insumos para produção agrícola e industrial; outros 16,5% em combustível; 16,5% em maquinário e veículos; e 7% na marinha mercante americana, responsável por transportar os produtos dos Estados Unidos para a Europa.

Os principais contemplados foram:

Reino Unido, com US$ 3,2 bilhões (US$ 31,84 bilhões)

França, com US$ 2,7 bilhões (US$ 26,86 bilhões)

Itália, com US$ 1,5 bilhão (US$ 14,2 bilhões)

Áreas ocupadas que depois se tornaram a Alemanha Ocidental, com US$ 1,4 bilhão (US$ 13,93 bilhões)

fonte: https://www.infomoney.com.br/economia/o-que-foi-o-plano-marshall/

Após o fim do plano, a Europa conseguiu manter seu ritmo de crescimento, o que auxiliou na estabilização do dólar, favorecendo também negócios do lado americano.

Atualidade da questão


Com o passar dos dias a questão da crise econômica ganhou força nos telejornais brasileiros, assim como foi endossada no pronunciamento do presidente que foi enfático ao dizer que a economia irá quebrar caso o país continue em quarentena.

De fato apesar do discurso genocida o presidente está certo. No momento, porém, é necessário fazermos a escolha entre salvar a economia ou vidas.

Se olharmos com o mesmo olhar do presidente veremos apenas um horizonte catastrófico, porém, ao mesmo tempo que ouvimos discursos desesperados de micro empresários, trabalhadores autônomos, entre outros, vemos também uma legião de economistas relembrando as ações do Plano Marshall.

Vários jornais impressos e televisivos já mencionaram o plano e a possibilidade de que algo do gênero fosse criado imediatamente para conter a crise econômica e principalmente para dar auxílio aos mais vulneráveis.

Novo Plano Econômico dos Estados Unidos

Assim como quase todos os países, os americanos a princípio não levaram em consideração o poder do vírus covid-19. Hoje estão caminhando para se tornarem o novo epicentro da doença.

Diante da situação perigosa, também optaram pela quarentena, que deixou a cada 4 americanos 3 em casa. Isso gerou grande preocupação na área economica, mesmo os EUA tendo um PIB positivo, taxa de desemprego baixa, entre outras situações positivas.

Na área da economia, o governo estabeleceu o que está sendo chamado até o momento de Novo Plano Econômico dos Estados Unidos, considerado o maior de toda a história americana. Nele 2 trilhões de dólares vão ser colocados a disposição para ações emergenciais.

Segundo o que foi dito até o momento, as ações irão desde a distribuição de parte dessa renda aos cidadãos, assim como empréstimos a micro e pequenos empresários.

E o Brasil?

Plano Mansueto

O plano foi criado pelo secretário do tesouro Nacional Mansueto Almeida e visa dar apoio financeiro aos estados em crise frente a pandemia.

O próprio site da Câmara dos Deputados criou um infográfico para explicar como seria o plano.

https://www.camara.leg.br/internet/agencia/infograficos-html5/planoMansueto/

No Brasil já houveram antes outros planos econômicos visando salvar a economia ou desenvolvê-la. Porém, não nos moldes do que está sendo proposto.

Historicamente é muito claro que estamos vivendo a maior crise de saúde desde a Gripe Espanhola em 1918. Com o mundo globalizado, infelizmente todos adoeceram bem como terão problemas de desenvolvimento econômico.

A história também nos ensina que essas crises tem seu ápice, se desenvolvem e dependendo das políticas públicas aplicadas duram mais ou menos, afetam em maior ou menor grau a população.

Será um período de reorganização das economias mundiais, onde podem se surgir novas economias fortes, ou talvez, possa se estagnar economias que eram consideradas sólidas.

Até mais!


Jessica Leme

Professora Mestre em História Cultural e Graduada em História Licenciatura na Universidade Estadual de Ponta Grossa. Pesquisa História e Fotografia; Nova História Política; Atualmente leciona na Rede Pública do Estado de São Paulo.

4 comentários

Lucas · 02/05/2020 às 01:09

Textos excelentes, aprendendo muito por aqui !!!! Belo trabalho Nas Tramas de Clio, parabéns !!!

Carla · 07/11/2020 às 11:36

Muito bem explicado, parabéns 👏

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