Historiografia: Plano de aula para o Ensino Médio
O ano letivo está prestes a começar e nós professores já começamos a pensar que tipo de atividade levar para a sala de aula de acordo com o conteúdo programático, no primeiro ano do ensino médio, na maioria das escolas, a primeira temática geralmente é Historiografia.
É importante lembrar que a primeira aula do ano é aquele momento no qual nós buscamos conquistar os alunos, já que, no caso do primeiro ano, eles estão nos conhecendo agora. Para isso, aqui vão algumas dicas que costumo utilizar no primeiro dia de aula com os meus alunos.
Apresentação:
Obviamente, por se tratar da primeira aula do ano, é importante que o professor se apresente para os alunos e fale sobre a sua metodologia de ensino.
Geralmente é nesse momento que eu falo sobre a minha formação acadêmica e experiência naquela escola; os conteúdos que iremos trabalhar naquele trimestre; os materiais que iremos utilizar (livro didático, sites que eles podem consultar, etc); as datas de avaliação; e, como não poderia faltar no Ensino Médio, sobre como História é cobrada nos vestibulares e Enem.
É evidente que essa parte da primeira aula do ano com a turma não tem um roteiro universal para todos os professores, com o tempo cada um de nós cria suas próprias estratégias que funcionam de acordo com o perfil de cada profissional e escola.
Se você está iniciando na carreira docente, nós temos dois textos aqui no site com dicas para professores iniciantes, desde o Ensino Fundamental até no Ensino Médio, que podem contribuir com as suas dúvidas.
Primeiro Passo: Conhecimento prévio dos alunos sobre Historiografia
Passando para o conteúdo propriamente dito, na primeira aula com o primeiro ano do Ensino Médio eu gosto de perceber o que os alunos já sabem sobre o tema. Assim, posso observar quais alunos já têm uma familiaridade com a disciplina, os que desenvolvem melhores análises, os que falam bem em público, etc.
Para isso, a atividade é realizada em equipes, na escola em que trabalho essa divisão já é pré-estabelecida, mas o professor pode iniciar a aula dividindo eles em grupos, aqui depende da quantidade de alunos por turma, mas no geral o ideal são equipes com 5 ou 6 integrantes.
Análise de Fonte Histórica
Em seguida, eu distribuo uma folha diferente por equipe, cada folha traz impresso uma imagem diferente. A cada ano eu vario as imagens utilizadas, nesse momento o professor pode utilizar a criatividade, o ideal é mesclar elementos que sejam mais presentes no dia a dia dos alunos com coisas que sejam menos comuns.
Lembrando que é importante que as imagens impressas não estejam distorcidas, o que dificulta a análise. E que sejam coloridas, afinal cores importam na hora de entender os significados do material.
Abaixo seguem alguns exemplos que costumo utilizar:
Segundo passo: Atividade Historiografia- análise de materiais
Após entregar a imagem eu faço algumas perguntas que cada equipe deverá utilizar como norteadoras para a análise e depois irão responder para toda a turma.
Sugestões
O que é essa imagem?
Quando ela foi produzida?
Onde ela foi produzida ou onde fica aquilo que ela retrata?
Objetivo (para que serve aquilo que está retratado na imagem)?
Tipo de Fonte?
Aqui é um momento que vai além de simples lógica ou suposição, o professor perceberá se os alunos conseguem distinguir diferentes fontes históricas a partir do seu conhecimento prévio adquirido no Ensino Fundamental.
O que a fonte demonstra? (que tipo de mensagem eles conseguem obter a partir da análise daquele material)
Como realizar a análise? (quais foram os elementos que eles utilizaram para conseguir responder às questões anteriores)
Terceiro passo: Brainstorming
Depois de pelo menos 10 minutos nos quais os alunos realizem a análise das imagens recebidas, o próximo passo é a retomada das conclusões dos alunos. Como as imagens utilizadas eram diferentes para cada equipe, nesse momento eu projeto as outras imagens usando o Data Show para que eles possam ver o material que os outros analisaram.
Se na sua escola não é possível utilizar um aparelho de projeção, você pode circular as imagens impressas de equipe em equipe.
Deixe livre para que os alunos falem voluntariamente, às vezes mais de um aluno da mesma equipe gosta de fazer colocações. Caso nenhum se ofereça, aí escolha pelo menos um para responder em voz alta às questões norteadoras.
Brainstorming: Tempestade de Ideias
Nesse momento, o professor pode utilizar a técnica do Brainstorming, Tempestade de Ideias no original em inglês. Essa dinâmica de grupo, pressupõe que o professor anote no quadro as respostas dos alunos, para isso eu costumo selecionar apenas uma pergunta, como o enfoque é historiografia o ideal é usar as repostas para a pergunta sobre o tipo de fonte de cada imagem.
Assim, quanto mais sugestões, melhor será o diálogo com o conteúdo. Portanto, lembre de não rejeitar nenhuma sugestão. Contudo, caso alguma resposta pareça de alguma forma inadequada, procure algum sinônimo ou englobe em alguma categoria mais aceitável. Nesse sentido, também procure incentivar que todos participem desse momento da atividade.
Quarto passo: Introdução a conceitos de Historiografia
A partir da análise dos alunos, é necessário que o professor retome a discussão e aproveite os materiais para estabelecer conceitos. As imagens sugeridas nessa atividade proporcionam diversas discussões que serão pertinentes para as próximas aulas, como a diferença entre propaganda e publicidade, o conceito de patrimônio histórico, a diferença entre fonte imaterial e material, o que é anacronismo, entre outros.
Além dessas discussões, é importante que o professor conceitue o que é História e Historiografia, bem como, explique como é o trabalho do historiador e como alguém que não é historiador pode usar esse conhecimento para perceber o que as fontes históricas têm a nos dizer.
Por se tratar de ensino médio, é importante trabalhar esses conceitos e fazer com que os alunos percebam que muitas vezes em provas de Enem e Vestibulares, eles irão aparecer, mas nem sempre de forma explícita. Assim como, salientar que análise de imagens é uma das habilidades comumente cobradas em ciências humanas.
Ao encerrar a aula, lembre-se de solicitar que os alunos anotem em seus cadernos os principais pontos da discussão, já que adolescentes têm tendência a achar que vão lembrar do que foi falado, mas costumam esquecer boa parte dos conceitos pouco tempo depois.
Duração da aula:
Como essa é uma atividade que envolve bastante análise, discussão e construção de conceitos junto com os alunos, eu costumo realizá-la com a duração de duas aulas. Mesmo que as aulas não sejam geminadas, quando isso ocorre, estabeleço uma divisão de acordo com o andamento de cada turma e retomo na próxima aula.
Outras possibilidades:
Outra coisa que costumo fazer para complementar essa discussão é trazer frases de historiadores, que se propõe a explicar o que é história e historiografia e analisar com os alunos. Como por exemplo:
“História inclui todo traço e vestígio de tudo o que o homem fez ou pensou desde seu primeiro aparecimento sobre a terra.”
BURKE, Peter. A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo, Unesp, 1992.
Dessa forma, também já trabalho com eles a interpretação de textos de historiadores, o que contribui para uma familiarização com a leitura desse tipo de escrita, que será necessária em aulas futuras.
Ano letivo de 2020:
Está pensando em como estruturar suas outras aulas deste ano? Confira aqui no site outros planos de aulas e dicas de materiais para serem usados nas aulas de História.
Desejamos um ótimo início de ano letivo a todos os nossos colegas professores e esperamos contar com vocês em mais um ano nos acompanhando aqui no site e agora também no nosso canal no YouTube voltado ao ensino de História. 😉
7 comentários
Felipe Lacourt · 29/01/2020 às 19:06
Parabéns pela postagem, estava buscando algo para minha primeira aula do ano e achei!!!
Jessica Leme · 29/01/2020 às 20:42
Que bom! Boa aula!
LUIZA SANTOS CARDOSO · 29/01/2020 às 21:20
Parabéns meninas.Vai ajudar a bastante professores com estas dicas.
Caroline Dähne · 30/01/2020 às 16:06
Obrigada Luiza!
Jessica Leme · 01/02/2020 às 18:29
Obrigada! A gente também espera a ajuda dos nossos leitores nos dando dicas do que publicar!
Ítalo Tavares de Araújo Farias · 30/11/2023 às 00:31
Legal.
Porém, permita-me retificar que o “mapa cartográfico” do Rio de Janeiro, não é uma “planta arquitetônica”. Seri no mais próximo uma “planta urbanística”, termo talvez ainda não ideal. Contudo, belo artigo para iniciação à docência em historiografia.
Caroline Dähne · 23/02/2024 às 15:10
Obrigada pela contribuição Ítalo, vamos corrigir a informação na publicação.