Mães e Avós da Praça de Maio: atividades
Certamente, quando o assunto nas aulas de história é Ditadura, uma das primeiras coisas que os alunos se lembram é a repressão e a violência presentes nesses regimes de governo, pensando nisso elaboramos um roteiro de atividades que analisa um movimento de resistência durante a Ditadura na Argentina, as Mães e Avós da Praça de Maio.
Assim, o movimento das Mães e Avós da Praça de Maio existe há mais de 40 anos e manteve sua luta mesmo após o regime ditatorial. Isso porque, dentre seus objetivos estava não só encontrar informações sobre seus filhos e netos desaparecidos, mas também a punição aos militares envolvidos nessas ações violentas de repressão aos opositores do regime.
Porque estudar o movimento das Mães e Avós da Praça de Maio?
Antes de mais nada, quando nas aulas de História, trabalho a relação entre a Guerra Fria e as Ditaduras na América Latina, costumo falar sobre os regimes ditatoriais nos países que faziam parte da Operação Condor. Então, além de salientar a Ditadura Militar no Brasil, demonstro para os alunos como foram os governos ditatoriais nos países vizinhos.
Certamente, falar sobre a Ditadura na Argentina sem tratar sobre o movimento das Mães e Avós da Praça de Maio é praticamente impossível. Afinal de contas, a resistência dessas mulheres se tornou mundialmente um símbolo da luta pelos Direitos Humanos na América Latina.
Além disso, o movimento contribuiu para mudanças nas leis argentinas, levando para o tribunal militares que foram julgados pelos crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura.
Igualmente, no ramo da ciência, a busca pelos filhos e netos contribuiu para a criação de bancos de dados genéticos, que utiliza testes de DNA para a identificação de pessoas que nasceram no cárcere e foram entregues para famílias adotivas que apoiavam o regime ditatorial.
Assim, desde 1983 quando a identidade da primeira neta foi confirmada, já foram encontradas 130 pessoas utilizando o chamado “índice de avozidade”, desenvolvido por cientistas na busca por recursos que provassem a origem genética das crianças sequestradas na ditadura argentina. Dessa forma, nele a linhagem materna do DNA é utilizado como ferramenta para comprovação do parentesco.
Além disso, em 2010, a associação das Mães e Avós da Praça de Maio recebeu na Unesco o prêmio Félix Houphouet-Boigny pela Busca da Paz. Nesse sentido, esse é considerado a mais alta premiação da instituição em reconhecimento pela luta pelos Direitos Humanos no mundo.
Como trabalhar o movimento das Mães e Avós da Praça de Maio nas aulas de História?
Para que o assunto faça sentido, é necessário primeiramente que o professor trabalhe as Ditaduras na América Latina, salientando como ocorreu esse governo na Argentina. Desse modo, para isso, sugerimos a utilização dos nossos slides sobre a relação entre a Guerra Fria e as Ditaduras na América, disponíveis no link abaixo:
Contextualização:
Em tempos de aula remota, sugerimos o texto abaixo, do historiador André Lopes Ferreira, que pode ser utilizado como material complementar na discussão da aula, ou como base para que o professor elabore a sua aula.
Análise de charges:
Assim, após a contextualização do conteúdo, sugerimos o trabalho com análise de charges. Nesse sentido, para isso, sugerimos a leitura do nosso tutorial sobre como usar charges no ensino de História.
Dessa forma, abaixo colocamos alguns exemplos que podem ser trabalhados:
Além disso, na charge abaixo é possível relacionar a Lei da Anistia e a punição aos torturadores comparando a Ditadura Argentina com a Brasileira:
Roteiro de Atividades
No anexo, tem uma sugestão de atividade sobre a temática que utilizei com os meus alunos, contendo materiais de apoio e duas questões dissertativas relacionando o movimento das Mães e Avós da Praça de Maio com a Ditadura Argentina.
Material de apoio
Texto: Mães da Praça de Maio completam 40 anos de luta pela memória e pela vida. Agência Brasil.
Vídeo: Mães da Praça de Maio completam 40 anos. Canal: AFPBR
Questão do Enem:
(ENEM) A Operação Condor está diretamente vinculada às experiências históricas das ditaduras civil-militares que se disseminaram pelo Cone Sul entre as décadas de 1960 e 1980. Depois do Brasil (e do Paraguai de Stroessner), foi a vez da Argentina (1966), Bolívia (1966 e 1971), Uruguai e Chile (1973) e Argentina (novamente, em 1976). Em todos os casos se instalaram ditaduras civil-militares (em menor ou maior medida) com base na Doutrina de Segurança Nacional e tendo como principais características um anticomunismo militante, a identificação do inimigo interno, a imposição do papel político das Forças Armadas e a definição de fronteiras ideológicas. (PADRÓS, E. S. Et al. Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul (1964-1985): história e memória. Porto Alegre: Conag, 2009. (adaptado).
Levando-se em conta o contexto em que foi criada, a referida operação tinha como objetivo coordenar a:
a) modificação de limites territoriais.
b) sobrevivência de oficiais exilados.
c) interferência de potências mundiais.
d) repressão de ativistas oposicionistas.
e) implantação de governos nacionalistas.
Questões de Vestibulares:
(FUVEST 2009) Existem semelhanças entre as ditaduras militares brasileira (1964-1985), argentina (1976 1983), uruguaia (1973-1985) e chilena (1973-1990).
Todas elas:
a) receberam amplo apoio internacional tanto dos Estados Unidos quanto da Europa Ocidental.
b) combateram um inimigo comum, os grupos esquerdistas, recorrendo a métodos violentos.
c) tiveram forte sustentação social interna, especialmente dos partidos políticos organizados.
d) apoiaram-se em idéias populistas para justificar a manutenção da ordem.
e) defenderam programas econômicos nacionalistas, promovendo o desenvolvimento industrial de seus países.
(UFU) A organização das Abuelas de Plaza de Mayo (Avós da Praça de Maio), surgida em outubro de 1977 e oriunda das Madres de Plaza de Mayo (Mães da Praça de Maio) está diretamente relacionada:
a) ao resultado dos trabalhos da CONADEP (Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas), que garantiu a anistia às Juntas Militares no governo Raúl Alfonsín.
b) à marcha da família de integrantes do Aunar em defesa dos militares que combateram a subversão na Argentina e foram processados em tribunais internacionais.
c) ao sequestro, tortura e desaparecimento de jovens militantes políticos argentinos considerados subversivos após o golpe militar que destituiu do poder Isabelita Perón.
d) ao Programa de Reconstrução e Libertação Nacional instituído pelo governo da Junta Militar na Argentina, que visava equilibrar as forças políticas por meio do Pacto Social.
Finalização da aula sobre as Mães e Avós da Praça de Maio
Desse modo, independente do material de apoio/análise escolhido, na hora da correção lembre-se de salientar os aspectos sobre a relação entre as Ditaduras que ocorreram aqui na América Latina com a Guerra Fria. Assim como, demonstrar que o movimento das Mães e Avós da Praça de Maio foi importante para a resistência ao regime ditatorial na Argentina e exemplo de união em prol dos Direitos Humanos.
Referências Bibliográficas:
ANDRADE, Juliana. Mães da praça de maio completam 40 anos de luta pela memória e pela vida. Agência Brasil. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-04/maes-da-praca-de-maio-completam-40-anos-de-luta-pela-memoria-e-pela
CARMO, Marcia. Unesco premia Avós da Praça de Maio por ações em busca da paz. BBC. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2011/03/110304_argentina_unesco_avos_mc
FERREIRA, André Lopes. As mães da Praça de Maio: 40 anos de luta pelos Direitos Humanos. Pressenza International Press Agency. Disponível em: https://www.pressenza.com/pt-pt/2017/04/as-maes-da-praca-maio-40-anos-luta-pelos-direitos-humanos/
SALAS, Javier. Como a ciência se aliou às Avós da Praça de Maio para achar seus netos. El País. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/04/internacional/1441363331_846341.html
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