BNCC: Como adequar as aulas de História?

Publicado por Caroline Dähne em

Toda vez que postamos alguma sugestão de atividade ou de recurso didático aparecem comentários perguntando “esse material é adequado à BNCC?”. O que percebemos é que muitos professores ainda têm dúvidas de como adequar suas aulas e atividades à essa orientação. Abaixo trazemos algumas sugestões que podem te ajudar a repensar suas aulas nesse início de ano letivo. 

Post do Instagram com o Título do texto, BNCC: Como adequar as aulas de História.

O que é a BNCC?

A Base Nacional Comum Curricular já era prevista na Constituição Brasileira de 1988 e na LDB de 1996. Mas, efetivamente só teve sua primeira versão disponibilizada em 2015. Ao longo dos últimos anos, ela foi exaustivamente discutida por profissionais da educação e sofreu várias modificações, se adequando às questões levantadas por esses educadores.

Em 2017 foi homologada pelo MEC a versão final da BNCC referente à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental. Já em 2018, foi a vez da BNCC referente ao Ensino Médio. 

Basicamente, a BNCC se trata de um documento cujo objetivo é nortear a elaboração dos Currículos Escolares brasileiros. Daí a palavra COMUM, para que todos os estudantes do país possam ter a oportunidade de desenvolver as mesmas Competências e Habilidades. 

BNCC X Currículo

Se você não se lembra das aulas da graduação que trataram sobre todas as legislações e especificações sobre a educação brasileira, é importante relembrar que o Currículo escolar é diferente do que a BNCC propõe.  

Assim, o Currículo escolar é o planejamento que faz parte do Projeto Político-Pedagógico de cada escola. Nesse sentido, ele é determinado pelas escolhas que envolvem a metodologia utilizada pela instituição, o contexto da sociedade na qual ela está inserida, os seus valores, as escolhas teóricas, entre outros fatores. 

Embora as instituições tenham certas liberdades para a elaboração do seu currículo, é sempre importante que ele seja embasado nas legislações referentes à educação. Buscando que os alunos tenham uma base em comum, principalmente no sentido de garantir uma igualdade entre instituições públicas e particulares de norte a sul do país, foi criada a BNCC que foi implantada definitivamente na Educação Básica Brasileira no ano passado (2020).

A Base Nacional Comum Curricular não determina uma grade curricular a ser seguida, ela não traz uma lista de conteúdos que devem ser exaustivamente abordados. Aliás essa concepção de seguir uma listinha estática/ imutável é bem ultrapassada. Mais do que saber um conteúdo X de “cabo a rabo” o aluno precisa refletir sobre aquilo que ele aprende e fazer com que esse conhecimento faça sentido. 

Mas afinal, o que a BNCC determina?

A Base é um documento normativo que busca orientar os professores a criarem aulas que desenvolvam Competências e Habilidades nos alunos para que eles sejam capazes de atender às demandas do século XXI.

Nesse sentido, é importante lembrar também que o documento é um NORTEADOR, ou seja, pode e deve ser adaptado por cada escola de acordo com as demandas locais da sociedade na qual ela está inserida. Isso corresponde ao princípio de equidade, ou seja, as necessidades dos alunos são diferentes, então é necessário contextualizar essa base para a realidade da região.

O que são as Competências?

Quem nunca ouviu aquela famosa frase dos alunos: “Mas no que eu vou usar isso na minha vida?”

Muitos dos nossos alunos ainda tem aquela concepção de que a História só serve para estudar “gente morta” e de que o conhecimento histórico escolar está dissociado do presente. Como se esse conhecimento estivesse “parado no tempo”.

Cabe a nós professores de História mudarmos essa visão. Demonstrando que pensar historicamente contribui para a construção de sentidos. Ou seja, aquele conteúdo que parece “inútil”, se contextualizado, questionado e analisado pode sim ter utilização na vida prática do aluno.

É aí que entra a ideia de Competência, definida pela BNCC como a capacidade do aluno de mobilizar os seus conhecimentos e habilidades para então resolver as demandas. Sejam elas do mundo do trabalho ou até mesmo de exercer a cidadania no seu cotidiano.

Basicamente podemos entender a Competência como a aplicabilidade do saber para transformar a sociedade.

O que são as Habilidades?

As Habilidades, segundo a BNCC, são o conjunto de aprendizagens essenciais que o aluno adquire ao longo de sua trajetória escolar. Dentre elas estão os aspectos cognitivos, que abrangem os objetos de conhecimento (conteúdos + conceitos + processos). Somados com as aptidões práticas e socioemocionais desenvolvidas durante a sua aprendizagem.

Assim, reunindo as Competências e Habilidades, a BNCC busca a formação de alunos desenvolvidos não só academicamente, mas também com uma formação humana, se transformando em um protagonista nesse processo de aprendizagem.

Como adequar suas aulas de História à BNCC?

Como falei no início do texto, essa é uma das dúvidas que mais recebemos de professores nas nossas postagens em redes sociais ou em e-mails e mensagens. A necessidade da adequação das aulas à BNCC, que passaram a ser cobradas pelas instituições nos últimos anos e se tornou obrigatória no ano passado, ainda traz dúvidas para muitos professores.

Na instituição em que trabalho já utilizamos esse modelo de aprendizagem por Competências e Habilidades á vários anos, então a chegada da BNCC oficialmente, serviu para complementar e nortear ainda mais meu trabalho. Abaixo coloco algumas dicas, que costumo utilizar na elaboração das minhas aulas e materiais para trabalhar com os alunos e que seguem essas determinações.

Construindo sentidos:

“Todo conhecimento sobre o passado é também um conhecimento do presente elaborado por distintos sujeitos.”

BNCC, 2018, p. 397.

Sempre que vou elaborar uma aula ou algum material/atividade, busco elementos que contribuam para que os alunos realizem contextualizações entre o tema da aula (conteúdo) com as transformações da sociedade e dos seus costumes.

É importante que os alunos consigam estabelecer conexões entre passado e presente, que eles percebam as rupturas e as permanências. Portanto, crie discussões ou atividades que levantem a reflexão sobre o contexto daquilo que está sendo estudado e como isso impactou outros processos contemporâneos.

Nessa contextualização, perguntas simples como “o quê?” “quando?” “onde?” “quem?” “como”, podem contribuir para essa troca de ideias com os alunos.

O aluno como protagonista:

Em todas as discussões sobre o Ensino de História voltamos para o mesmo debate: a importância de estimularmos a criticidade dos alunos. Mas para isso, uma aula expositiva apenas não basta. Já passamos do tempo em que o professor ficava falando e o aluno apenas absorvia as informações. Também não pautamos mais nossas aulas baseadas em “decorebas” para o Vestibular. 

Certamente, cada vez mais se percebe a necessidade de ouvir os alunos, dialogar com eles, estimulá-los a “pensar historicamente”. E a BNCC aponta essa importância, de contribuirmos com o protagonismo dos alunos, para que eles se percebam enquanto sujeitos históricos.

Para desenvolver isso nas suas aulas, busque desenvolver atividades nas quais os alunos precisem analisar e questionar, participar ativamente das discussões.

Na BNCC de História para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, são apontados processos de Identificação que podem ser realizados nas aulas. São eles: Comparação; Contextualização; Interpretação e Análise.

Trabalho com Fontes Históricas:

Ainda em relação ao protagonismo do aluno, muito mais do que levar análises prontas e responder todas as questões, a BNCC estimula o professor a atuar como mediador. Nada melhor em História do que elaborar atividades nas quais os alunos possam “assumir uma atitude historiadora”.

A utilização de fontes históricas nas aulas contribuem para o desenvolvimento de diversas habilidades. Sejam elas escritas, iconográficas, materiais ou imateriais. Ao criar questionamentos sobre esses materiais, o aluno desenvolve habilidades interpretativas e participa ativamente da aula e da construção do conhecimento.

Liberdade:

Enfim, independente das escolhas que o professor realize, a BNCC estimula justamente isso: que o professor tenha liberdade para escolher de que forma vai elaborar suas aulas aplicando essas habilidades. 

O importante, nesse sentido, é que busquemos uma aprendizagem renovada, que rompa com aquelas aulas estáticas e voltadas para as famosas “decorebas”. Contribuindo para que os alunos se tornem ativos nas aulas e compreendam que o conhecimento histórico pode sim ser utilizado para se posicionar frente aos desafios que enfrentarão em suas vidas.

Nós do Nas Tramas de Clio, sempre estamos disponibilizando materiais e sugestões de aulas e atividades que podem te ajudar a elaborar suas aulas de acordo com a BNCC.

Nas referências deste texto você encontra o documento da Base na íntegra e alguns materiais complementares sobre ela. 

Esse texto te ajudou a entender melhor a BNCC? Tem alguma sugestão para completar essa discussão? Conte pra gente nos comentários 😉

Referências Bibliográficas:

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.  

MEC. Base Nacional Comum Curricular.

NOVA ESCOLA. BNCC na Prática: Tudo que você precisa saber sobre História.


Caroline Dähne

Mestre em História, Cultura e Identidades e graduada em Licenciatura em História pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Desenvolve pesquisas relacionadas a Segunda Guerra Mundial, Discursos jornalísticos, Patriotismo e Nacionalismo, Imprensa brasileira e Propagandas de guerra. Atualmente atua como professora de História na rede particular de ensino na cidade de Curitiba-PR.

2 comentários

João Carlos · 04/02/2021 às 17:47

Iniciando mais um ano letivo com aquele friozinho na barriga. Mas como sempre vocês mandando super bem com temas que nos auxiliam a melhorar cada vez mais.
Parabéns meninas!!!

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